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Homem faz reféns em meio a congelamento bancário no Líbano e exige seu dinheiro

No dia 11 de agosto, Bassam al-Sheikh Hussein entrou armado em uma agência bancária em Beirute, Líbano, e fez reféns, exigindo a entrega das suas economias no valor de US$200.000. O incidente foi mais um dentre os vários que têm atingido o Líbano desde que a atual crise econômica se iniciou, em 2019.

A agência do Banco Federal foi alvo do cliente, que entrou com produtos inflamáveis e uma espingarda na mão exigindo que os funcionários entregassem suas economias. O homem ameaçou matar todos os funcionários e atear fogo em si mesmo. Os momentos de terror para os 10 funcionários mantidos reféns duraram cerca de 7 horas. 

Um grupo de manifestantes se reuniu na frente do banco durante o período gritando palavras de ordem contra o governo e saudaram o homem como um herói.

O irmão do homem, Atef al-Sheikh Hussein, disse aos repórteres:

“Meu irmão tem US$210000 no banco e ele só quer receber US$5000 para pagar as contas do hospital. Não importa se ele vai para a cadeia, o importante é aliviarmos nossa angústia (financeira). Meu irmão não é um canalha. Ele é um homem decente. Ele tira o que tem do próprio bolso para dar aos outros.”

O homem de 42 anos, que trabalha como entregador, se rendeu após o banco entregar US$35 mil para ajudar a pagar as contas médicas de seu pai. A esposa do homem estava do lado de fora do banco, e disse a repórteres que ele “fez o que tinha que fazer”. 

Após se render, o homem foi imediatamente preso e seu irmão recebeu o valor para custear as despesas médicas de seu pai. 

A limitação de saques das contas bancárias ocorreu após políticas que limitaram a realização das ações somente para momentos de emergência, apesar de que muitos cidadãos afirmam que nem assim conseguem, como foi no caso de Bassam.

Situação econômica no Líbano

O Líbano vive uma das piores crises monetárias da atualidade. Sua moeda desvalorizou em mais de 90% desde 2019, com 80% da população caindo na pobreza, principalmente após as fortes restrições bancárias que impedem o livre acesso ao dinheiro.

Regularmente tem havido incidentes de violência entre clientes revoltados e funcionários de bancos, como quando o dono de uma cafeteria fez funcionários de uma agência de reféns para retirar US$ 50 mil congelados.

O Líbano possuía um histórico de boa reputação bancária, com a capital Beirute sendo conhecida como “Paris do Oriente”, sendo a maior detentora de estoques de ouro do Oriente Médio e Norte da África e com uma lei de sigilo bancário semelhante à da Suíça, algo que atraiu muitos investimentos. 

Posteriormente, no início dos anos 2000, os investidores foram seduzidos por altas taxas de juros, que duraram até 2019, quando o governo libanês se tornou insolvente e perdeu a capacidade de reembolsar os bancos. 

O governo recorreu à emissão de moeda como tentativa de pagar os bancos, expandindo a base monetária da libra libanesa 8 vezes em menos de 2 anos.

Fonte: https://tradingeconomics.com/
Fonte: https://tradingeconomics.com/

Segundo Saroj Kumar, diretor regional do Banco Mundial no Oriente Médio:

“O Líbano vivenciou muitas crises ao longo dos anos, mas esta é a pior de todas. De fato, a crise no Líbano está entre as três piores de todo o mundo”.

O país que enfrentou uma grave guerra civil de 1975 a 1990, agora vê sua moeda sendo completamente diluída, perdendo 90% do seu valor desde 2019.

Uma saída como o Bitcoin é uma alternativa para a população do país. Ao contrário da libra libanesa, o Bitcoin possui uma rede aberta, em que nenhuma instituição financeira ou governo possui controle.

Igor Sobrinho

Calvinista, capixaba, amante de artes, de comunicação e da computação. Cypherpunk e bitcoinheiro, passeio com meu cachorro nas horas vagas, amo minha esposa.

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