Centenas de hackers norte-coreanos estão trabalhando em empresas cripto

O investigador on-chain ZachXBT revelou que até 920 hackers norte-coreanos podem estar trabalhando atualmente em empresas de tecnologia, especialmente no setor de criptomoedas. Segundo ele, as startups que contratam esses profissionais estão caminhando para o fracasso devido à falta de cuidados básicos em segurança.
Em sua análise, publicada nesta semana, ZachXBT destaca que as táticas usadas pelos hackers da Coreia do Norte não são sofisticadas, mas ainda assim têm sido suficientes para infiltrar dezenas de projetos. Ele aponta que esses profissionais receberam aproximadamente US$ 16,6 milhões (cerca de R$ 90 milhões) em criptomoedas desde o início do ano, o que equivale a US$ 2,76 milhões por mês.
Contratações negligentes expõem empresas
Com salários estimados entre 3 e 5 mil dólares mensais, Zach calcula que o número de hackers norte-coreanos empregados varia entre 345 e 920. Ele afirma que muitas empresas ignoram sinais claros, como recusa de entrevistas presenciais (mesmo que o candidato afirme morar na mesma cidade da empresa), IPs registrados na Rússia, perfis apagados no LinkedIn e mudanças constantes de usuário no GitHub.
“Eles costumam ocupar múltiplos cargos ao mesmo tempo e são frequentemente demitidos por baixo desempenho, o que gera alta rotatividade”, explicou Zach.
Em sua investigação, o especialista conseguiu rastrear pagamentos feitos a trabalhadores norte-coreanos, conectando carteiras digitais a endereços de consolidação utilizados pelos grupos. Entre os casos citados está o de um engenheiro que usava o nome ‘Sandy Nguyen’, flagrado em evento na Rússia segurando a bandeira da Coreia do Norte.
Riscos vão além do setor cripto
Além do vazamento de dados e da inclusão de códigos maliciosos nos projetos, Zach alerta que muitas empresas ignoram completamente práticas básicas de segurança. A Circle, emissora do USDC, chegou a ser citada pela falta de preparo diante de ameaças cibernéticas.
“Quando uma equipe contrata múltiplos trabalhadores de TI da Coreia do Norte, é um bom indicativo de que essa startup fracassará”, concluiu Zach. “Diferente de outras ameaças, eles têm pouca sofisticação, então isso revela negligência grave das empresas.”
Por fim, Zach destaca que grande parte dos fundos desviados são lavados em exchanges americanas e offshores. Embora sua investigação tenha foco no setor de criptomoedas, o pesquisador acredita que o problema pode ser ainda maior em empresas tradicionais, onde os pagamentos são feitos em dólar e difíceis de rastrear.