Gustavo Petro, ex-guerrilheiro pró-Bitcoin, é eleito presidente da Colômbia
Gustavo Petro, ex-guerrilheiro do grupo M-19 e ex-senador da Colômbia, foi eleito presidente do país. Curiosamente, Petro vem desde 2017 fazendo declarações positivas sobre o Bitcoin (BTC), afirmando que a Colômbia deveria utilizar os seus recursos energéticos para minerar o criptoativo.
Quem é Gustavo Petro?
Gustavo Petro é um economista colombiano, que atuou como guerrilheiro e mais recentemente senador da Colômbia, e foi eleito como presidente do país latino-americano com 50,49% dos votos contra 47,25% a favor de Rodolfo Hernández, um homem de negócios que ficou conhecido como Trump Colombiano.
Petro atuou como guerrilheiro no grupo Movimento 19 de Abril (M-19), que posteriormente se tornou o partido Aliança Democrática M-19, no qual foi eleito membro da Câmara dos Deputados, iniciando sua carreira política.
Após a eleição, Gustavo Petro afirmou que pretende “desenvolver o capitalismo na Colombia”. Segundo o presidente, é preciso “superar o feudalismo na Colômbia, superar a mentalidade hereditária ligada a esse mundo de servos”.
O candidato rival Rodolfo Hernández, reconheceu o resultado das eleições.
Petro ficou conhecido por ajudar a firmar acordos do governo colombiano com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e grupos similares em 2016, além de denunciar escândalos de corrupção.
Gustavo Petro e o Bitcoin
Em mais de uma ocasião, Gustavo Petro afirmou que o Bitcoin é uma tecnologia de dinheiro superior, e que a Colômbia deve direcionar o seu excedente energético para minerar o criptoativo em regiões estratégicas, como forma para coibir o comércio de substâncias ilícitas.
Ainda em 2017, Petro afirmou:
“O Bitcoin remove o poder de emissão dos estados e a senhoriagem da moeda dos bancos. É uma moeda comunitária que se baseia na confiança de quem realiza transações com ela, pois é baseada em um blockchain, a confiança é medida e cresce, daí sua força.”
Em relação à mineração, Petro afirmou:
“As criptomoedas precisam de energia limpa e nós podemos fazer o que El Salvador fez, ou seja, exportar energia limpa. Podemos fazê-lo com o vento de La Guajira, com as cachoeiras, sem fazer reservatórios, desde a cordilheira ocidental até o Pacífico ou o oceano.
E podemos transformar as comunidades Wayú, os carvoeiros da região de Cesar, as comunidades negras da costa do Pacífico colombiano em donas dessas novas formas de energia, ligadas à computação de criptomoedas, e assim teremos outro mundo.”
Em um tweet em outubro do ano passado, Petro chegou a sugerir que o país deveria ser referência na produção de Bitcoin e não de cocaína.
¿Y que tal que el litoral pacífico aprovechara las caídas de alta pendiente de los rios de la cordillera occidental para producir toda la energía del litoral y reemplazar cocaína con la energía para las criptomonedas?
La moneda virtual es pura información y por tanto energía. https://t.co/65xdN2whuO
— Gustavo Petro (@petrogustavo) October 2, 2021
“E se a costa do Pacífico aproveitasse as quedas íngremes dos rios da cordilheira ocidental para produzir toda a energia do litoral e substituir a cocaína por energia para as criptomoedas? A moeda virtual é pura informação e, portanto, energia.”
Curiosamente, Petro está sendo classificado pela mídia local como o primeiro presidente de esquerda eleito no país, que foi governado nos últimos anos por supostamente partidos de centro. Este fato em certos aspectos contrasta com a origem e as ideias libertárias de onde o Bitcoin surgiu, influenciado por uma forte comunidade de criptógrafos, matemáticos e libertários.
Quando questionado sobre o Bitcoin, o candidato rival afirmou que desconhece o assunto, e falou sobre mais regulamentações para o setor.
Caso a Colômbia se integre ao Bitcoin sob o governo de Gustavo Petro, seja através da mineração ou tornando o criptoativo moeda legal, este seria o terceiro país soberano do mundo a seguir este caminho, iniciado por El Salvador e acompanhado pela República Centro-Africana.
Importância da mineração
A mineração de Bitcoin é um dos aspectos mais fundamentais do funcionamento do protocolo, sendo responsável por parte importante da segurança da rede. Através da mineração e das regras do Consenso Nakamoto, a rede entra em acordo sobre o estado final das trasanções.
Nos últimos anos, dezenas grandes players institucionais começaram a se integrar à mineração, como forma para monetizar energia elétrica ociosa / subutilizada, ou fontes de energia que seriam literalmente desperdiçadas. Este é o caso, por exemplo, de uma série de grandes petroleiras como a Exxon Mobil, que estão utilizando flare gás –gás que seria queimado na atmosfera devido a questões inerentes do setor– para mineração de bitcoin.
O governo de El Salvador planeja utilizar a energia geotérmica dos seus vulcões para minerar Bitcoin, algo que deve se tornar significativo para o setor. A Colômbia minerando Bitcoin seria algo exponencialmente maior que o experimento salvadorenho, visto que o país possui um PIB de US$ 271 bilhões, cerca de 10 vezes o de El Salvador.
A Colômbia está no 11º lugar no ranking global de adoção de Bitcoin e criptoativos no mundo da Chainalysis de 2021, atrás de Venezuela e Argentina na região.