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Há 51 anos, Estados Unidos acabava com o padrão-ouro

Há 51 anos, o presidente americano Richard Nixon deu fim ao Padrão Ouro, encerrando ao período em que o papel-moeda era lastreado no metal precioso

O que aconteceu em 1971? Este é um questionamento feito acerca da ruptura econômica por parte do governo americano, com o fim do padrão-ouro.

O dólar era lastreado em ouro antes de 1971. Uma onça de ouro, que custava 35 dólares, hoje custa 1800 dólares. Em 15 de agosto de 1971, o banco central americano desfez completamente o lastro do dólar no ouro, dando início a um período de políticas inflacionárias, aumento da pobreza e da desigualdade.

O padrão ouro, adotado em 1834 nos EUA, era um sistema monetário que lastreava o papel-moeda ao metal precioso, fixando a onça de ouro em US$20,67, permanecendo assim até 1930. Diversos países seguiram o exemplo ao longo da década de 1870, iniciando a “Era de Ouro do Ouro”.

Segundo o economista Michael Bordo:

“O período de 1880 a 1914 é conhecido como o padrão ouro clássico. Durante esse tempo, a maioria dos países aderiu (em vários graus) ao ouro. Foi também um período de crescimento econômico sem precedentes, com comércio de bens, trabalho e capital relativamente livres.”

O ano de 1914 marca o início da Primeira Guerra Mundial, com diversos países intensificando seus gastos no financiamento do conflito bélico, utilizando-se de políticas inflacionárias (emissão de moeda) para levar seus objetivos adiante. Este foi o começo do fim do padrão-ouro.

Em 1931, a Grã-Bretanha abandonou o padrão-ouro, e em 1933, o presidente Franklin Delano Roosevelt estatizou todo o ouro em propriedade de cidadãos, revogando contratos cujos pagamentos seriam feitos no metal.

A Ordem Executiva 6102 proibia “o entesouramento de moedas de ouro, barras de ouro e certificados de ouro no território continental dos Estados Unidos.” 

Então o padrão ouro acabou aqui, correto? Não exatamente.

Após a Segunda Guerra Mundial e a ascensão dos EUA como superpotência, em 1946, o Acordo de Bretton Woods inaugurou uma nova ordem econômica, como explica Jonathan Newman: 

“O sistema de Bretton Woods foi desenhado pelas nações aliadas, lideradas pelos Estados Unidos, perto do fim da Segunda Guerra Mundial como uma ordem monetária internacional do pós-guerra. O dólar americano se tornaria a moeda de reserva mundial, que governos estrangeiros poderiam trocar por ouro, embora os cidadãos americanos não pudessem.”

Mesmo os cidadãos não podendo converter o dólar em ouro, ainda havia o lastro, com os EUA fixando uma proporção de 35 dólares a onça. Logo, aumentando a oferta de dinheiro, as reservas de ouro deveriam ser esgotadas.

No entanto, para financiar os custos crescentes da Guerra do Vietnã e a expansão do welfare state, os EUA se desfizeram de mais de 50% do seu estoque de ouro entre 1950 e 1971.

Em 1971, completamente sem saída ao ver os estoques esgotados e uma necessidade de expandir a base monetária frente às crescentes despesas do governo, o presidente Richard Nixon suspendeu o resgate do ouro. 

O dólar foi transformado numa moeda fiduciária, ou seja, sem lastro em qualquer commodity ou mercado, mas amparado pelo decreto governamental. Com o banco central possuindo o monopólio da produção, sendo emitida por meio da expansão do crédito bancário e podendo ser produzida quando aqueles que controlam o banco central considerarem necessário.

Gastos como as invasões no Oriente Médio e o avanço da OTAN na Europa Oriental não seriam possibilitados se não através de uma moeda fiduciária. Não é em vão que o 1% mais rico possui uma quantidade exorbitantemente maior em proporção do que toda riqueza americana. Estando mais próximos da emissão da moeda, podem enriquecer através do imposto invisível que é a inflação.

É no contexto de combate ao capitalismo fiduciário que surge o Bitcoin, um ativo escasso cuja emissão é computacionalmente limitada, estando fora do alcance de qualquer banco central, empresa ou governo.

Abaixo está um dentre vários gráficos que encontramos no site Wtfhappenedin1971, que mostra que a diferença de renda entre americanos negros e brancos diminuía rapidamente desde 1950, mas teve o progresso desacelerado com vários momentos de queda após a adoção do inflacionismo econômico. 

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O caminho visto como possível pelos bitcoiners é a adoção do Padrão Bitcoin, em que o ativo escasso, descentralizado e dificilmente confiscável nos encaminhará para uma sociedade mais rica, mais livre e mais próspera.

Igor Sobrinho

Calvinista, capixaba, amante de artes, de comunicação e da computação. Cypherpunk e bitcoinheiro, passeio com meu cachorro nas horas vagas, amo minha esposa.

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