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Respondendo as informações falsas e narrativas de Jones Manoel sobre o Bitcoin (BTC)

Entenda sobre as informações falsas e narrativas questionáveis sobre o Bitcoin (BTC) ditas por Jones Manoel, historiador marxista, militante de esquerda, membro do Partido Comunista Brasileiro e pré-candidato ao governo de Pernambuco.

Recentemente, o Congresso brasileiro deu continuidade à discussão das propostas de regulamentação do Bitcoin (BTC) e do mercado de criptoativos, que dividiu as opiniões do mercado e de analistas.

Entre as propostas em discussão está a possibilidade de se zerar o imposto federal sobre a importação de ASICs, computadores desenvolvidos especificamente para a mineração de Bitcoin, que executam o algoritmo de criptografia SHA 256, nativo do protocolo.

Observando o cenário, o influenciador Jones Manoel, que conta com mais de 167 mil seguidores no Twitter e quase 200 mil no Youtube, comentou brevemente sobre o caso, mas o suficiente para passar informações falsas / incorretas e narrativas questionáveis.

Informação falsa

O influenciador comentou uma carta ao Congresso escrita e assinada pela ABCripto e outras instituições interessadas na regulamentação do mercado.

Jones comentou:

“Eu sei que tem muita de****** acontecendo no Brasil e é difícil acompanhar tudo. Mas tem um bando de especulador pautando liberalizar e incentivar mineração de bitcoin (contando inclusive com isenção fiscal). @SenadorRogerio, por que você apoia isso?”

Em seguida, após um indivíduo questionar se havia algum “material crítico” e menos genérico sobre o assunto, Manoel afirmou:

“Camarada, nenhum país sério permite isso. Causa crise energética, crises financeiras, esquemas de pirâmide, lavagem de dinheiro de organizações criminosas, golpes de todo tipo.”

Atualmente, cerca de 51 países restringem parcial ou completamente o mercado de criptoativos. Em sua maioria, os países são compostos por ditaduras fechadas, regimes totalitários, países que passam por alta inflação e regiões com baixo índice de liberdade econômica e democracia liberal, ou em locais que por razões diversas o Bitcoin ganhou adoção espontaneamente, incomodando os governos e legisladores.

Você pode ver uma lista mais completa nesta matéria do IG.

Indo no exato sentido oposto, a maioria absoluta dos países orientais e ocidentais permitem e regulamentam o mercado, com normas que variam sobre a interpretação sobre a classe de ativos. Enquanto em algumas jurisdições o bitcoin é submetido às mesmas normas de commodities e ativos do mercado financeiro, em outras o criptoativo é considerado moeda, inclusive de curso legal, como é o caso de El Salvador.

Não somente permitem, mas muitas jurisdições estão se apoiando sobre a tecnologia revolucionária do protocolo do BTC para promover o crescimento local. As regiões de Lugano, na Suíça, Ilha da Madeira em Portugal, El Salvador na América Central e mais recentemente, a República Centro-Africana, estão colocando o Bitcoin e seus mercados associados como um pilar do crescimento economico.

Discussões sobre a regulamentação do mercado estão em pauta em todo o mundo, e diversas propostas que estão avançando estão indo no exato sentido de trazer maior claridade e promover o crescimento espontâneo da tecnologia, primeira responsável por descentralizar o dinheiro.

Diferente da narrativa apresentada por Manoel, que não aparenta acompanhar de perto o desenvolvimento do setor, a ideia de que “nenhum país sério permite isso [o mercado de criptoativos]”, é falsa.

Locais que possuem restrições ao uso do Bitcoin, normalmente são países que também proíbem a internet livre e outras soluções que trazem liberdade para a população, como é o caso da China.

Até mesmo Cuba se mostrou amigável ao setor, permitindo o envio de remessas em BTC para sua população vindas do exterior.

Golpes e crise energética

Atualmente, uma dos principais doadores para o desenvolvimento do código do Bitcoin é a Fundação de Direitos Humanos, que compreende a necessidade de um dinheiro e uma rede monetária neutra, aberta, livre e sem permissão em um mundo cujo sistema financeiro é controlado por uma elite composta por bancos centrais, instituições financeiras e pelos Estados Unidos, conhecidos por suas sanções à indivíduos e países.

O Bitcoin utiliza como uma camada para proteção um algoritmo de criptografia conhecido como Prova de Trabalho (PoW). Através desse mecanismo, o Satoshi Nakamoto criou a primeira rede monetária descentralizada funcional, capaz de permitir a troca de valores sem a necessidade de intermediários centralizados.

Por meio deste mecanismo, energia elétrica é transformada em poder computacional e hashpower para a proteção do protocolo, que já chegou a acumular US$ 1 trilhão em capitalização, sendo a rede utilizada por entre 100 e 200 milhões de usuários ao redor do mundo, segundo as principais estimativas.

Atualmente, a mineração de Bitcoin consome mais energia elétrica do que toda a Argentina, algo que à primeira vista pode trazer algumas impressões erradas sobre o protocolo. 

Ao contrário de diversas narrativas, inclusive a do próprio governo chinês, que baniu a mineração no país, a mineração não só não causa crises energéticas, como ela fortalece a produção elétrica e viabiliza recursos que seriam literalmente jogados fora, desperdiçados ou literalmente queimados na atmosfera.

Que saber como? Descubra como a mineração de Bitcoin está tornando a energia elétrica mais barata no Texas.

Devido a ser uma atividade altamente competitva e com baixas margens, a mineração só é economicamente viável onde a energia está literalmente sendo jogada fora. Dois grandes exemplos de como o Bitcoin fortalece os grids elétricos é na utilização de flare gas (gás que seria queimado na atmosfera) para a produção de energia localmente para a mineração de Bitcoin, única atividade onde este recurso seria útil.

Outro ponto de destaque é a utilização de energia excedente de margem de segurança em usinas de produção elétrica. Literalmente, a mineração de Bitcoin está se tornando uma grande recicladora de energia elétrica enquanto traz uma nova fonte de renda para as produtoras de eletricidade, devido a questões únicas do setor energético.

Conforme a matéria citada por Manuel do Valor Investe, a mineração de Bitcoin só se tornou um problema nos centros urbanos no Irã por conta da utilização de energia subsidiada ou “gratis” em escolas e mesquitas.

Detalhe curioso: o Irã se tornou em 2020 o primeiro país a acumular reservas em bitcoin, comprando o criptoativo diretamente dos mineradores nacionais. O país passa por sérios problemas de inflação, que atinge justamente a população mais pobre.

“Muito da discussão em torno do bitcoin vê o bitcoin como um consumidor de energia. A perspectiva que estou sugerindo é muito inversa, que é uma forma de fortalecer nossa infraestrutura energética.” – Afirmou o senador texano Ted Cruz.

Para quem quer se aprofundar neste assunto complexo, que não deve ser analisado de maneira superficial, recomendo fortemente a leitura do texto A Bateria Bitcoin, publicado no Medium do Explica Bitcoin.

Bitcoin é golpe?

Não. Literalmente qualquer coisa, como carne de avestruz (sim, isso aconteceu), PIX, cosméticos e qualquer produto ou serviço pode servir como fachada para empresas ou golpistas aplicarem seus esquemas.

O Bitcoin é simplesmente a maior tecnologia e ferramenta de engenharia do século XXI, uma forma única para transacionar valores do ciberespaço virtual e no mundo intangível da criptografia, da teoria dos jogos e da computação moderna. 

Não caia em narrativas.

João Souza

Chefe de conteúdo, analista de SEO e empreendedor. [email protected]

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